quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pré-Modernismo no Brasil

     O pré-modernismo (ou ainda estética impressionista) foi um período literário brasileiro, que marca a transição entre o simbolismo e modernismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-modernismo configura o movimento denominado saudosismo.
     O termo pré-modernismo parece haver sido criado por Tristão de Athayde, para designar os "escritores contemporâneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho.

Cronologia


1896 - Ocorre a Guerra de Canudos na Bahia
1897 - Termina a Guerra de Canudos
1902 - É publicado o livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha, e "Canaã" de Graça Aranha
1904 - Ocorre a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro
1909 - Lima Barreto estreia na literatura com "Recordações do Escrivão Isaías Caminha"
1910 - A Revolta da Chibata acontece no Rio de Janeiro
1911 - É publicado "Triste Fim de Policarpo Quaresma" e "O Homem Que Sabia Javanês", de Lima Barreto
1912 - Começa a Guerra do Contestado. João Simões Lopes Neto publica "Contos Gauchescos"
1913 - "Lendas do Sul" é publicado por João Simões Lopes Neto
1914 - Tem início a Primeira Guerra Mundial
1916 - Termina a Guerra do Contestado
1918 - Termina a Primeira Guerra Mundial. Neste ano, Monteiro Lobato publica "Urupês"
1919 - "Cidades Mortas" é escrito por Monteiro Lobato
1922 - A Semana da Arte Moderna ocorre em São Paulo

Origens


     As duas primeiras décadas do século XX não registram, no Brasil, convulsões semelhantes às ocorridas na Europa. A abolição da escravatura e o golpe republicano pouco haviam alterado as estruturas básicas do país. A economia - ainda voltada para as necessidades dos países europeus - assentava-se na dependência externa e no domínio interno dos cafeicultores.
     Porém, algumas mudanças iam se desenhando. A urbanização, o crescimento industrial e a imigração modificam a fisionomia da sociedade brasileira. Nas cidades, começa a se formar uma classe média reformista. Simultaneamente, emerge uma massa popular insatisfeita e propensa a revoltas irracionais como, por exemplo, a rebelião contra a vacina obrigatória.
Na zona rural, produzem-se confrontos de maior ou menor intensidade dentro das classes dominantes, das violentas mas restritas lutas entre coronéis em determinadas regiões até a verdadeira guerra civil - que se trava no Rio Grande do Sul - entre republicanos e maragatos. Não esqueçamos também que, nesse período, irrompem as revoluções camponesas de Canudos (1896-1897) e do Contestado (1912).


Características


     Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte individualidade de suas obras, mas essencialmente eram marcados por duas características comuns:


a) Conservadora – Percebida na produção poética de Olavo Bilac (e de todos os outros parnasianos) e de Cruz e Sousa, representante da estética simbolista. A poesia é elaborada dentro dos moldes de perfeição, obediente a normas e presa a temas alheios à realidade brasileira. 

b) Inovadora – Presente nas obras de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos. As várias realidades do Brasil são expostas, e o leitor começa a perceber que vive em um país de contrastes. A linguagem pomposa e artificial começa a perder terreno para uma expressão mais simples, fiel à fala cotidiana. Nesse aspecto, Lima Barreto é o legítimo representante das classes iletradas.


     Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores, esses autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos - notando-se, até, alguns casos, resistência às novas estéticas.


Excerto


     Num artigo publicado em 1917, Monteiro Lobato reagiu assim à exposição de Anita Malfatti, no jornal O Estado de São Paulo:


"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência fazem arte pura. (...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos da decadência(...)"


Pré-Modernismo nas artes


     A música assistiu, desde o lançamento da primeira gravação feita no país por Xisto Bahia, a uma penetração nas camadas mais elevadas de manifestações até então restritos às camadas mais populares – ritmos tais como o maxixe, toada, modinha e serenata. É o tempo em que a capital do país, então o Rio de Janeiro, assiste ao crescimento do carnaval, ao sucesso de compositores como Chiquinha Gonzaga e o nascimento do samba em sua versão recente.
     Na música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”.
     Na pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo lituano Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922. 


Principais autores e obras


Os principais pré-modernistas foram:


* Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil. O sertão baiano e pernambucano onde se deram as lutas, era um ambiente praticamente desconhecido dos grandes centros, e as lutas marcaram a vida nacional: o termo favela, que tornou-se comum depois, designava um arbusto típico da caatinga, e dava nome a um morro em Canudos.
* Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil.Nesse livro tinha o constante conflito entre dois imigrantes Milkau e Lentz que discutiam se o dinheiro era mais importante do que o amor.
* Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha; e O Homem Que Sabia Javanês
* Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica; Ele também foi um dos primeiros autores de literatura infantil, desse modo, transmitindo ao público infantil valores morais, conhecimentos do Brasil, tradições, nossa língua. Destaca-se no gênero conto. E foi, também, um dos escritores brasileiros de maiores prestígios.
* Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.
* Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos, embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, em seus Eu e Outras Poesias
* Outros autores:
   *Figuram como escritores desse período, embora guardem no estilo mais elementos das escolas precedentes, autores como Afonso Arinos, Alcides Maya e Coelho Neto. Este último, ao lado de Afrânio Peixoto, tendia a uma visão da literatura como simples ornato social e cultural. Raul de Leoni pode ser, também, tido como pré-modernista, mas o seu Luz Mediterrânea tende ao Simbolismo.


Referências:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Pré-Modernismo
http://www.brasilescola.com/literatura/pre-modernismo.htm
http://www.colegioweb.com.br/literatura/aspectos-gerais.html
http://educaterra.terra.com.br/literatura/premodernismo/premodernismo_1.htm
http://www.not1.com.br/pre-modernismo-brasileiro-escritores-obras-caracteristicas-literarias/

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