por IG
Cinquenta operários trabalham, diariamente, a cerca de 750 metros do nível do mar. Aos olhos – e até nos olhos - do Cristo Redentor. Responsáveis pela mais completa restauração pela qual a estátua já passou em seus 78 anos, eles circulam pelos 38 metros de andaimes das oito da manhã às cinco da tarde, quando começa a cair a visibilidade.
Sob autorização da Igreja Católica, gestora do monumento, a reportagem do iG teve acesso à obra e acompanhou, por algumas horas, o minucioso trabalho dos arquitetos, engenheiros e restauradores. Lá embaixo, os turistas não disfarçam uma certa decepção. “É uma pena que o Cristo esteja coberto, mas vai ficar ainda mais bonito”, acredita a inglesa Iren Maddon. “Prometo voltar quando estiver pronto”, continua.
Orçada em 7 milhões de reais, pagos pela Vale, a obra não vai interromper as visitas turísticas. A estátua, no entanto, está sendo coberta por uma película semitransparente para garantir a segurança dos visitantes. O Cristo Redentor recebe 1,8 milhão de turistas a cada ano. A previsão de conclusão das obras é para o começo de junho.
Daniel Petzel é o supervisor das obras e ajudou a selecionar os operários. Requisito básico: não ter medo de altura. Lidar com o vento forte e as nuvens baixas também requerem cuidado. A recomendação é que, a cada nuvem que se aproxima, quando a visibilidade fica difícil, o trabalhador fique parado esperando que ela se dissipe. “Não há um que reclame de trabalhar tendo uma vista como esta”, diz Daniel, que tem, entre seus comandados, um argentino. “Até ele se derrete em elogios pelo Rio”, brinca o supervisor.
A maior dificuldade da obra, segundo os coordenadores, é levar até o alto mais de 70 toneladas de material por meio do parque da floresta da Tijuca.
Segundo o arquiteto Diogo Caprio, os trabalhos estão divididos em três etapas. “Primeiro fizemos um mapeamento de danos, registrando principalmente as áreas atingidas pelos raios. Agora vamos começar a limpeza a vapor de toda a escultura. A troca de tecelas, que são as pedras que formam o mosaico de revestimento, ficarão para o fim”, explica Caprio.
As pedras, de pedra-sabão, vêm de Ouro Preto, Minas Gerais, da mesma fonte de origem das originais. A limpeza é feita com uma substância química que não altera a cor um pouco azulada das tecelas, hoje acinzentadas devido à ação da erosão e sujeira.
Do Cristo, é possível ver boa parte da zona Sul, incluindo a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Pão de Açucar, o Jardim Botânico e a praia de Ipanema. Do lado oposto, o Maracanã, na zona Norte, e a ponte Rio-Niterói completam o visual.
Por dentro do Cristo, vários lances de escada levam os operários até a altura do peito da estátua, onde há um coração em alto relevo, assim como do lado de fora. Após vencer mais de 500 degraus, é possível chegar em uma parte onde uma infiltração começava a surgir.
“Uma abertura na cabeça da estátua estava permitindo que a água da chuva entrasse nela. Vamos estudar a melhor maneira de corrigir esta falha”, diz Caprio. O interior da estátua não é aberto à visitação pública. “Ver Cristo por dentro não é para todos”, brinca um operário.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
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