sábado, 22 de agosto de 2009

O Tubarão

Depois de quase uma semana sem postar, estou voltando com um novo tema: os animais, para diversificar bastante este blog. E para começar bonito, escolhi um animal que domina seu habitat, mas não vou escrever sobre o leão, o rei da savana, e sim sobre o tubarão, o rei das águas e para não ficar chato, não utilizei a wikipédia como fonte e sim um canal pago que muitos confiam mas muitos não assistem: o Discovery Channel.
Onde vivem os tubarões?


Habitat


A grande diversidade de tubarões se reflete em sua distribuição ao redor do mundo. Os tubarões se adaptaram e conseguiram ocupar diversos ecossistemas marinhos em todos os continentes. São encontrados em mar aberto e em lagunas de coral, em pântanos de mangue, estuários de rios e mares pouco profundos. Algumas espécies de tubarões também frequentam regularmente águas doces; sabe-se que o tubarão-cabeça-chata , por exemplo, pode viajar cerca de três mil quilômetros subindo a correnteza do Rio Amazonas.
Muita gente pensa que os tubarões se limitam às águas mais quentes. Algumas espécies mais conhecidas, como o tubarão-tigre, realmente se adaptam melhor à temperatura cálida dos mares tropicais, mas também já foram encontrados nas águas geladas do Atlântico norte, nos arredores da costa da Islândia. Entretanto, uma ampla variedade de tubarões prefere águas mais frias, incluindo o famoso tubarão branco. Onde quer que você more, é muito provável que exista alguma espécie de tubarão no litoral mais próximo de sua cidade.
Foto: DCL

O que os tubarões comem?



Dieta

É fácil ser enganado pela popular imagem do tubarão como predador voraz. Apesar de algumas espécies de tubarões atacarem e devorarem presas maiores, como focas e golfinhos, a maioria dos tubarões se alimenta de outras fontes de alimentos, incluindo plâncton e moluscos. É o caso do tubarão-baleia, ironicamente, o maior tubarão de todos. Sua dieta se baseia exclusivamente em plâncton e peixes pequenos, enquanto caçadores como os tubarões brancos comem de tudo, desde peixes maiores até focas e carcaças de baleias. Outras espécies se alimentam de pequenos crustáceos, caranguejos, lagostas, lulas e moluscos de grandes profundidades.
Talvez o mais famoso por sua voracidade e oportunismo seja o tubarão-tigre. Já foram encontradas todo tipo de coisas no estômago destes tubarões: placas de carros, rodas, galões de gasolina, correntes e outros objetos fabricados pelo homem, assim como uma grande variedade de iguarias naturais, como serpentes marinhas, tartarugas e até aves marinhas. Foto:NHPA
Dados


1. Existem mais de 400 espécies diferentes de tubarões. De todas elas, a metade mede entre 15 e 91 centímetros de comprimento; mais de 80% de todos os tubarões são menores que os seres humanos. Menos de 5% deles são de tamanho gigante, como o tubarão branco, o tubarão-baleia e o tubarão-peregrino, que podem medir entre 3,60 e 13,70 metros.
2. Apesar de sua fama assustadora, a verdadeira ameaça que assombra os tubarões é o homem: a exploração excessiva, o corte das barbatanas e a destruição de seu habitat são uma ameaça real às populações de tubarões. A quantidade de tubarões-martelo diminuiu 89% durante as últimas duas décadas.
3. A pele do tubarão, da cauda até a cabeça, é extremadamente áspera, pois é composta por dentículos dérmicos, feitos do mesmo material que os dentes. Ao longo da história humana, muitas culturas usaram a pele do tubarão como lixa.
4. Os tubarões podem perder até 1000 dentes por ano. Eles são substituídos constantemente ao longo de sua vida.
5. Muitos tubarões podem ver cores. Além de visão excelente, a maioria possui audição e olfato muito aguçados. Possuem uma capacidade sensorial singular para detectar correntes elétricas, por meio de poros repletos de gel denominados ampolas de Lorenzini.
6. Os tubarões não possuem ossos em seu corpo. Seus esqueletos são feitos de cartilagem.
7. A pele do tubarão-azul fêmea tem quase o dobro da gordura da de um macho. Ela oferece proteção durante o selvagem processo de acasalamento.
8. O cação-espinho é um dos tubarões mais longevos, e chega a viver entre 70 e 100 anos de idade.
9. A boca do tubarão-baleia pode medir dois metros de largura, apesar de se alimentar principalmente do diminuto plâncton.
10. Os tubarões possuem a capacidade de aprender comportamentos induzidos. Em um aquário, podem ser condicionados a atingir objetos coloridos para receber alimento.
FOTO: DCL

Mitos

MITO: Os tubarões não pensam.
REALIDADE: Falso. Em alguns aquários e laboratórios, tubarões foram treinados para golpear objetos coloridos e formas com o objetivo de receber alimento. Também foram condicionados para subir à superfície e se apresentar sozinhos para realizar procedimentos veterinários. Estes condicionamentos demonstram que são capazes de aprender.

MITO: Os tubarões afundam se param de nadar.
REALIDADE: Isso é verdade para a maioria, mas não para todas as espécies. Os tubarões conseguem manter uma certa flutuabilidade, mas se param de se mover, afundam pela ausência da bexiga natatória cheia de ar, presente na maioria dos peixes vertebrados.

MITO: Os tubarões comem indiscriminadamente
REALIDADE: Falso. A forma distinta das várias espécies de tubarões indica que possuem dietas muito especializadas. Alguns tubarões, como o tubarão-mako, possuem dentes pontiagudos e lisos para perfurar e capturar presas rápidas. Outros, como o tubarão branco, possuem dentes serrilhados para arrancar e mastigar pedaços grandes de carne. Outros possuem dentes trituradores planos, como o Heterodontus francisci, adequados para comer crustáceos e moluscos. Por último, existem dentes com funções muito específicas, como os do tubarão-tigre, que são projetados para cortar através das carapaças das tartarugas marinhas, seu prato predileto. Cada espécie possui uma dieta única, mas às vezes, podem confundir sua presa natural com alguma coisa diferente... como pneus de borracha e surfistas desavisados!

MITO: A população de tubarões é estável e não está ameaçada
REALIDADE: Falso. Como resultado da pesca excessiva e da captura equivocada em redes e linhas dirigidas a outras espécies, os tubarões estão em rápido declínio. Cerca de 250 mil são mortos diariamente. Algumas populações estão em franco declínio, como a do tubarão-martelo, que diminuiu cerca de 89% durante as últimas duas décadas. Como grandes predadores do oceano, os tubarões ajudam a limpar os mares, caçando peixes feridos ou doentes. Se sua proteção não for assegurada, as populações de tubarões continuarão diminuindo.
Fotos: DCL
As Ordens

Os tubarões estão classificados em oito ordens diferentes, de acordo com as características físicas comuns que agrupam as espécies. Embora isto pareça relativamente simples, não é fácil classificar tubarões, pois as características usadas para defini-los nem sempre são fáceis de identificar. Algumas das características usadas para diferenciar os tubarões incluem: o número de fendas branquiais, o número e tipo de barbatanas, a presença de uma membrana por cima do olho, o tipo de reprodução e até a estrutura de válvulas nos intestinos. Como resultado disso, duas espécies semelhantes podem ser membros de ordens totalmente diferentes, por exemplo o tubarão mako e o tubarão-azul; enquanto outras duas bem diferentes podem ser membros da mesma ordem, como é o caso do tubarão-prego e do tubarão-martelo, que pertencem à ordem dos Carcharhiniformes.
Classificar tubarões é tão complicado que nem mesmo os especialistas conseguem chegar a um acordo ao determinar a espécie de um exemplar. Alguns estudiosos colocam o tubarão-cobra, do qual só existe uma espécie conhecida, numa ordem separada dos outros e denominada Chlamydoselachiformes. Entretanto, há quem coloque os membros de um grupo apelidado de tubarões-prego – e cujas duas espécies a maioria dos taxinomistas coloca nos Squaliformes – na sua própria ordem dos Echinorhiniformes.

As oito ordens de tubarões, segundo o seu mais fácil reconhecimento, são:

Heterodontiformes: Tubarões Bullhead – contendo um só gene e distribuídos por apenas 10 espécies.

Orectolobiformes: Tubarões Carpet – 34 espécies, incluindo o tubarão-baleia, o tubarão-lixa e o tubarão-zebra.

Lamniformes: Tubarões Mackerel – 16 espécies, incluindo alguns bem conhecidos, como o grande tubarão-branco e o tubarão mako.

Carcharhiniformes: Tubarões ground. O grupo mais complexo, com mais de 270 espécies, incluindo o tubarão-tigre, o tubarão-martelo e o tubarão-branco.

Hexanchiformes: Tubarões-vaca – 4 espécies, com seis ou sete fendas branquiais.Squaliformes: Cações – Cerca de 115 espécies conhecidas, incluindo esqualos, pata-roxas e “lantern sharks” (Etmopterus granulosus).

Squatiniformes: Tubarões-anjo: Cerca de 18 espécies, todos com uma forma de corpo distintivamente achatada.Pristiophoriformes: Tubarões-serra: 8 espécies, todos com um focinho em forma de serra.

Foto: Seapics.com
O que é um tubarão?


Há várias espécies diferentes, e muitas delas não têm a aparência clássica que associamos aos tubarões.
Os tubarões constituem um grupo de criaturas incrivelmente diversificado, e defini-los não é tão fácil como parece. Embora todos sejam peixes, eles diferem enormemente no que se refere à forma do corpo, tamanho, hábitat, comportamento e dieta. Muitos deles não se parecem em nada com a imagem clássica dos tubarões. Alguns sobrevivem quase unicamente junto aos solos oceânicos, enquanto outros são criaturas de aspecto estranho, que vivem em enormes profundidades. Mas há certas características que são comuns a todos os tubarões.
Diferentemente de outros peixes, o esqueleto do tubarão é feito de cartilagens, e não ossos. Ele é reforçado em alguns pontos por placas especiais chamadas “tesserae”, compostas por sais de cálcio sólidos.
Todos os tubarões possuem dentes que são produzidos regularmente, sendo substituídos a intervalos habituais. Alguns tubarões conseguem produzir vários milhares de dentes a cada ano. Os dentes antigos são liberados e são substituídos por uma nova fileira.
Até a pele do tubarão tem dentes! Uma das características que define os tubarões é a presença de escamas semelhantes a dentes que recobrem sua pele, os chamados dentículos dérmicos. São estes dentículos que fazem com que a pele do tubarão se pareça com uma lixa.
Os tubarões têm pelo menos cinco pares de fendas branquiais verticais, que ficam quase sempre situadas nas laterais da cabeça. Algumas espécies chegam a ter sete pares de fendas branquiais.
A maioria dos outros peixes tem bexigas natatórias que os ajudam a flutuar. No entanto, os tubarões não possuem este órgão e se valem de outros meios para manter sua flutuabilidade.


FOTO: DCL


Evolução do tubarão

Os tubarões existem há muito tempo. Os primeiros tubarões conhecidos evoluíram provavelmente há cerca de 400 milhões de anos atrás, mais de 200 milhões de anos antes dos dinossauros, e eram predadores muito comuns. Já foram identificadas mais de 2.000 espécies, a partir de registros fósseis, comparadas com as 1.000 espécies conhecidas atualmente.
Os mais antigos tubarões conhecidos tinham uma aparência bastante diferente da que possuem seus parentes modernos. Alguns se pareciam mais com as enguias do que com verdadeiros peixes. Muitos tinham focinhos arredondados em vez dos pontiagudos que associamos aos tubarões atuais. Eles também possuíam cérebros menores e dentes mais lisos, e não tão aguçados e serrados como os dentes típicos dos modernos espécimes. As suas barbatanas eram menos flexíveis e manobráveis, por isso é possível que os tubarões da antiguidade fossem menos ágeis do que os de hoje. Mas, de certa maneira, eles eram bastante semelhantes aos animais que hoje em dia denominamos “tubarões”, com o mesmo esqueleto cartilaginoso, as múltiplas fendas branquiais e dentes substituíveis.
Foto: Seapics.comReprodução dos tubarões

Como a maioria dos animais, os tubarões reproduzem-se sexualmente. O comportamento dos tubarões durante a fase de acasalamento pode ser bem complexo, e os rituais pré-nupciais entre machos e fêmeas variam muito entre as diversas espécies. Certos padrões de comportamento, como o nado sincronizado, as mordidas e alterações de cor, são comuns nas várias espécies. Algumas delas, como o tubarão-frade, envolvem-se num complexo comportamento grupal, durante o qual nadam em círculo – uma conduta que os especialistas ainda não entendem qual é o objetivo.
Após terem acasalado com sucesso e os ovos da fêmea terem sido internamente fecundados, os embriões desenvolvem-se em uma das três formas seguintes, dependendo das espécies:
Tubarões ovíparos põem ovos com cascas grossas, resistentes a predadores, e que depois são presos por eles nas rochas ou nas algas. Os ovos são incubados dias ou semanas depois, e os filhotes sobrevivem por conta própria. Muitas das cascas de ovos têm uma forma retangular, e algumas, como a “bolsa de sereia”, posta pelos esqualídeos, são muitas vezes trazidas até a costa pelas marés.
Tubarões vivíparos dão à luz crias já com vida, que são alimentadas no útero do tubarão fêmea através de uma placenta ou de uma secreção conhecida como leite uterino. A viviparidade assegura que os filhotes sejam bem alimentados durante o seu desenvolvimento, deixando-os prontos para sobreviver aos rigores do mar imediatamente após o nascimento.
Tubarões ovovivíparos também carregam os seus embriões internamente, dando à luz filhotes vivos, mas sem alimentá-los durante o seu desenvolvimento. Em vez disso, os tubarões em crescimento são nutridos através do saco vitelino. Algumas espécies de tubarões, como o tubarão Mackerel, praticam a oogênese, na qual a mãe produz fluxos de pequenos ovos não fertilizados que alimentam os embriões em desenvolvimento.

Foto: Seapics.com


Repelente para tubarões

Um repelente de tubarões pensado para proteger…os tubarõesBarbatanas pontiagudas que se aproximam rapidamente, bocas enormes que se abrem, ameaçadoras, dentes afiadíssimos... Os ataques de tubarões sempre estiveram presentes nos pesadelos de qualquer pessoa que já esteve em contato com a água, em todos os mares e todas as latitudes.
Encontrar um repelente que mantivesse os tubarões à distância foi um sonho longamente acalentado por marinheiros, nadadores, surfistas e pescadores.
Este sonho é compartilhado pelos ecologistas – que se preocupam com as centenas de milhares de tubarões que morrem inutilmente a cada ano, ao serem capturados em redes de pesca de atum e de peixe-espada em todo o mundo – e pelos pesquisadores e empresários do mar, que vêem seus valiosos equipamentos submarinos danificados pelas poderosas mandíbulas dos tubarões. Das numerosas tentativas empreendidas desde a Segunda Guerra Mundial, quase todas fracassaram, e só duas deram resultado.
Uma delas é um repelente elétrico, o Shark Shield, desenvolvido por pesquisadores australianos. O repelente emite um sinal elétrico de baixíssima voltagem, que causa um severo mal-estar no tubarão, obrigando-o a recuar. Este mal-estar passageiro não é experimentado por quem emite o sinal nem por outras espécies marinhas, somente pelo tubarão, e não lhe causa nenhum dano permanente.
Apesar dos testes bem-sucedidos, este repelente só surte efeito em algumas espécies de tubarões, e sob determinadas circunstâncias. O outro repelente, de origem química, está sendo desenvolvido nos Estados Unidos.
Sabe-se que animais e vegetais se comunicam com outros indivíduos da mesma espécie por meio de substâncias químicas, chamadas feromônios. Ao serem atacadas, algumas espécies de peixes emitem estes feromônios, que funcionam como um sinal de alerta para seus semelhantes, avisando-os do perigo. Depois de anos de pesquisas, descobriu-se que não era possível encontrar tubarões nos arredores em que havia um espécime morto. A descoberta demonstrou que, ao morrer, um tubarão segrega um tipo de feromônio, transmitindo aos seus semelhantes um claro sinal de perigo que os incita a fugir. Isso levou os pesquisadores do laboratório Oak Ridge, em New Jersey, a isolar as substâncias químicas do feromônio liberado pelo cadáver do tubarão morto.
Ao prosseguir em suas pesquisas, eles chegaram a produzir a substância artificialmente, sem sacrificar tubarões no processo. Os testes realizados em várias espécies foram bem-sucedidos, e novas pesquisas prosseguem com os tubarões-tigre, tubarões-touro e tubarões-martelo.
É importante ressaltar que este produto não é tóxico para o tubarão nem para o meio ambiente. Ele também pode ser empregado na pesca comercial, já que não repele outras espécies. Atualmente, estuda-se sua aplicação em múltiplos usos: nas já mencionadas redes de pesca e também em pranchas de surf e cremes bronzeadores.
Mesmo que estes produtos ainda estejam em uma etapa inicial de desenvolvimento, esperam-se resultados eficazes para os próximos anos. Os surfistas, banhistas, marinheiros e tubarões de todo o mundo agradecem.
Fotos: NHPA
Sobrepesca



Tal como centenas de outras espécies de peixes, os tubarões se encontram sob uma pressão crescente por parte da indústria de pesca mundial. Com o declínio das reservas de peixes comestíveis no mundo, muitas das frotas pesqueiras estão se voltando para os tubarões como uma fonte alternativa de alimento, o que pode vir a provocar efeitos catastróficos não somente nas populações de tubarões em geral, mas também nos ecossistemas marinhos como um todo.
As populações de tubarões demoram muito tempo a se recomporem da sobrepesca. Esses animais possuem um crescimento lento e demoram a atingir a maturidade sexual – 20 anos ou mais, dependendo das espécies. Em comparação às outras espécies de peixes, os tubarões dão à luz poucas crias. Estes fatores já colocaram a sobrevivência de várias espécies de tubarões em perigo, principalmente em áreas costeiras com grandes populações, como na costa da América, no Atlântico Norte.
O declínio no número de espécies de tubarões provoca sérias conseqüências no ecossistema em que vivem. Os tubarões são uma parte vital da cadeia alimentar e a sua natureza predatória ajuda a manter sob controle as populações marinhas. Sem tubarões para manter um equilíbrio saudável, o ambiente marinho está sujeito a sofrer enorme risco de danos permanentes. Fotos: DCI, NHPA
Captura acidental

A “sobrepesca” e o “finning” são duas das maiores ameaças para a população global de tubarões, mas a captura acidental constitui também um enorme problema. Milhões de tubarões morrem todos os anos ao se enrolarem nas redes armadas para a captura de outros peixes, principalmente aquelas destinadas a apanhar atum e peixe-espada. O emalhamento em rede de pesca é outro grande problema. Muitos tubarões morrem todos os anos depois de ficar enrolados e presos nas redes de pesca destinadas a apanhar outras espécies. Somente no mar Mediterrâneo, cerca de 100 mil tubarões morrem anualmente através da captura acidental.
Algumas espécies, como o tubarão-frade, são suficientemente resistentes e sobrevivem quando apanhadas por acidente em redes, mesmo se forem obrigadas a passar várias horas fora d’água. Mas a maioria dos tubarões apanhados desta forma não tem a mesma sorte. Estudos realizados demonstram que mais de 75% dos tubarões capturados acidentalmente terminam morrendo antes de serem libertados com vida. Enquanto a captura acidental de outras espécies, como o golfinho, tem diminuído bastante depois da intensa divulgação de campanhas de proteção, a injusta má reputação dos tubarões atrasa os esforços para protegê-los desta prática tão inútil e destrutiva.

Fotos: Seapics.com


Caça de barbatanas

Centenas de nadadeiras de tubarão a secar numa produção de nadadeiras. Esta prática causa imensos prejuízos a população de tubarões, principalmente no leste asiático. “Finning” é uma prática de pesca cruel e destrutiva, na qual o tubarão é capturado e suas barbatanas cortadas. O resto do animal é jogado de volta ao mar, onde acaba morrendo. A cada ano, o número de tubarões mortos por esta prática chega a 100 milhões, causando danos terríveis nas suas populações. As barbatanas de tubarão são consideradas uma iguaria em algumas partes do mundo, principalmente no leste asiático, onde uma sopa de barbatana de tubarão pode chegar a valer 100 dólares, tornando este tipo de pesca um grande negócio para os pescadores. Com o aumento populacional na Ásia, esta prática vem se tornando cada vez mais comum.
Nos últimos anos, alguns países, como os Estados Unidos, já proibiram o “finning” de tubarões. Mas esta proibição é muito difícil de ser implementada em outros locais, principalmente porque os tubarões migram regularmente entre as fronteiras internacionais. O “finning” é, no entanto, ainda praticado em muitas partes do mundo, entre pontos extremos, como a América do Sul e a Austrália, contribuindo para o declínio das espécies. O tubarão-azul, por exemplo, está em grave perigo de extinção – algumas autoridades estimam que 90% das barbatanas retiradas são desta espécie.


Fotos: Seapics.com


Produtos de tubarão


Infelizmente, a caça dos tubarões para servir de alimento não é o único fator que ameaça a sua sobrevivência. Existe uma grande indústria em desenvolvimento que utiliza produtos feitos à base de tubarão. Seu objetivo é ajudar a melhorar ou preservar a saúde humana, mesmo que não exista prova científica que possa comprovar este fato.
Graças à crença improcedente de que os tubarões não sofrem de tumores cancerígenos, o óleo extraído do fígado dos tubarões está se tornando um popular aditivo para o sistema imunológico, e até mesmo como forma de prevenção de câncer. As cartilagens dos tubarões são também usadas com o mesmo objetivo.
Os produtos de tubarão são freqüentemente vistos à venda em lojas para turistas, em áreas de veraneio junto ao mar, apesar de a caça ser ilegal em muitos países de origem destes produtos. Os dentes e as mandíbulas do grande tubarão-branco podem alcançar um valor considerável no mercado internacional. Um único dente pode chegar a valer mais de 100 dólares, e um conjunto completo de mandíbulas de um tubarão grande pode custar 10 mil dólares nos Estados Unidos. O contrabando ilegal de dentes e mandíbulas de tubarões-brancos está se tornando cada vez mais comum em países como a África do Sul, onde os tubarões são protegidos por lei.


Fotos: Seapics.com

Selachophobia



Selachophobia, nome científico que descreve o medo extremo e constante aos tubarões, é um sério problema para muitos nadadores iniciantes. Os que sofrem deste mal não conseguem nadar normalmente no mar, mesmo sabendo da existência de redes contra tubarões e outros sistemas de proteção. Algumas pessoas têm tanto medo de tubarões que a observação de meras fotografias destes animais pode induzir ataques de pânico, havendo até muitos casos de pessoas tão aterrorizadas que nem sequer conseguem nadar em piscinas a centenas de quilômetros do mar, ou até mesmo tomar banho, com medo de serem atacadas.
A ocorrência da selachophobia aumentou muito depois do filme “Tubarão”, e muitos dos pacientes e psicólogos atribuem o medo desses animais ao filme. Alguns cientistas afirmam que o filme “Tubarão” tem sido indiretamente responsável, desde 1975, pela indiscriminada e irresponsável chacina de tubarões em todo o mundo, e que contribuiu diretamente para o declínio das populações de grandes tubarões-brancos. A selachophobia pode ser tratada profissionalmente da mesma forma que outros medos irracionais, como os de insetos voadores ou aranhas, embora seja difícil encontrar a melhor abordagem para lidar com este problema. Hipnoterapia, terapia de comportamento e medicamentação já foram usadas com sucesso.
Foto: NHPA


Tubarões no cinema

Os tubarões foram trazidos em 1975 à atenção do público de uma forma forçada e memorável, por meio de “Tubarão” (Jaws), o lendário filme de Steven Spielberg sobre um grande tubarão-branco “comedor de homens”. Baseado numa série de ataques reais de tubarões em New Jersey, em 1916, “Tubarão” transformou-se em um grande sucesso no mundo inteiro, apesar das imagens chocantes dos ataques e do grande suspense da ação. Spielberg e sua equipe construíram uma extraordinária réplica mecânica de um tubarão em tamanho natural (à qual deram o nome de Bruce), que foi usada em muitas cenas do filme, embora a maioria das imagens mais impressionante tenha sido feita com tubarões-brancos de verdade, filmados por mergulhadores de dentro de uma jaula.
Tentativas posteriores de trazer tubarões para as telas não tiveram sucesso. O filme “Do fundo do mar” (1999), sobre um grupo de cientistas que acidentalmente cria um trio de tubarões superinteligentes “comedores de homens”, enquanto investigam a cura para a doença de Alzheimer, foi muito menos empolgante que “Tubarão” e não contribuiu em nada para melhorar a relação entre os humanos e os tubarões. A única exceção foi o filme de desenho animado “Procurando Nemo” (2003), no qual Barry Humphries interpreta com maestria um feroz tubarão australiano que tenta alterar os seus hábitos predatórios. E qual era o nome do tubarão? Bruce, é claro.

Fotos: Rex Features

“Tubarão”
Pergunte a qualquer um que tenha visto “Tubarão” qual foi o impacto que este filme causou na forma de ver estes animais, e você terá a mesma resposta – fez com que as pessoas pensassem duas vezes antes de nadar no mar. A idéia de haver um peixe devorador, grande, armado de uma boca com dentes afiados como uma navalha nadando em nossas praias causa medo e terror nas pessoas; tanto que alguns sofrem de fobia de tubarão – conhecida como selachophobia – e são incapazes de tomar banho na praia com medo de serem comidos pelo animal.
O filme “Tubarão” é o responsável por estes medos? Não há dúvida de que o medo geral de tubarões é um fenômeno relativamente recente que aumentou significativamente com o lançamento do filme de Spielberg, em 1975. As descrições chocantes de ataques e a memorável conquista de John William iniciaram uma onda de histeria e matança descuidada de tubarões no mundo todo. Mas até o início do século XX, os tubarões não eram tão conhecidos pelo público; o banho recreativo no mar era considerado um hábito excêntrico nos países ocidentais e pouquíssimas pessoas já tinham visto um tubarão vivo. Mitos sobre tubarões tiveram papel importante em muitas culturas em todo o mundo durante séculos. Um vaso encontrado na Itália, datado de 725 a.C., ilustra um homem sendo engolido por um peixe gigante, e é a primeira representação ocidental conhecida de um ataque de tubarão. Houve muitas descrições artísticas e literárias de ataques de tubarão desde então. Alguns especialistas acreditam até que a história sobre Jonas da Bíblia foi originalmente baseada em um tubarão-branco, em vez de uma baleia.
O filme “Tubarão” deu vida a estas histórias para milhões de pessoas em todo o mundo, lembrando que há realmente terrores escondidos em nossos oceanos. Ao contrário dos clássicos filmes de terror, nos quais a grande força do choque é baseada em nossa imaginação, “Tubarão” foi baseado na realidade. Enquanto o peixe que aterrorizava a ilha de Amity nunca existiu, o tubarão-branco de 5,18 metros e 2.063 quilos que inspirou a história original de Peter Benchley certamente existiu. Uma série de ataques fatais em New Jersey em 1916 definitivamente aconteceu; e na época não havia a cobertura massiva da mídia de hoje. Assim como o naufrágio do USS Indianapolis em 1945 – um evento memorável descrito pelo personagem de Quint no primeiro filme “Tubarão” –, que resultou nas mortes relacionadas a tubarão de talvez centenas de marinheiros americanos.
Não seria nenhuma surpresa que alguns telespectadores reagissem negativamente ao filme “Tubarão”. Apesar de grande número de evidências de que ataques de tubarões sejam raros – você tem mais chance de ser morto em um acidente envolvendo uma máquina de refrigerantes do que por um tubarão –, o medo deles ainda existe, um fenômeno que muitos psicólogos e biólogos marinhos relacionam ao filme de Spielberg. Atualmente, um pequeno número de fatalidades anuais resulta em vingança contra estes assassinos; e a fobia de tubarões continua a ser um sério problema para muitas pessoas, até mesmo para aqueles que vivem a milhares de quilômetros de distância do oceano.
Peter Benchley, autor do livro no qual o filme foi baseado, é apenas uma entre muitas pessoas que estão trabalhando seriamente em prol dos tubarões. Benchley atualmente dedica boa parte de seu tempo protegendo tubarões em todo o mundo e educando o público sobre o seu comportamento, dizendo ainda que ele não poderia escrever a mesma história hoje. Talvez seja muito tarde para ajudar milhares de peixes que morreram indiretamente em decorrência do filme, ou para acalmar o medo que se tornou tão profundo em nossa cultura. Mas há uma boa chance de que quanto mais aprendermos sobre tubarões e o seu comportamento, mais conseguiremos conservá-los, em vez de temê-los ou assassiná-los.
Fotos: DCI

Para ver a matéria original acesse: Discovery Brasil, Tudo sobre tubarões

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